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Jesus, o Messias (Mateus 1—2)

Comentário Bíblico / Produzido por Projeto Teologia do Trabalho
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Os capítulos iniciais do Evangelho de Mateus narram com rapidez uma sucessão de histórias que demonstram que Jesus é o Senhor cuja vinda inaugura o Reino dos céus na terra. Elas explicam quem é Jesus em termos de cumprimento das Escrituras (o Messias) e mostram que sua entrada no mundo é o epicentro de todas as relações de Deus com a humanidade. O Evangelho de Mateus começa com uma descrição da genealogia e do nascimento de Jesus: o bebê deitado numa manjedoura em Belém faz parte da linhagem de Davi, o grande rei de Israel, e é um hebreu verdadeiro, com ascendência que chega até Abraão (Mateus 1.1—2.23). Em cada história, as referências de Mateus às Escrituras do Antigo Testamento mostram como a vinda de Jesus reflete um texto antigo em particular[1]. Damos ouvido a Jesus porque ele é o ungido de Deus, o Messias prometido, Deus que entra no mundo em carne humana (João 1.14).

A história dos magos (“sábios”, na NVT], “homens que estudavam as estrelas”, na NTLH) tem relevância especial para o trabalho. De acordo com Daniel 1.20; 2.27 e 5.15 e Atos 8.9; 13.6-8, os magos eram astrólogos que observavam as estrelas com o objetivo de interpretar sonhos e praticar outras magias. Tanto Daniel quanto Lucas (no livro de Atos) lançam um olhar de reprovação a essa profissão, vendo-os como charlatães ou falsos profetas. Todavia, enquanto realizam seu trabalho de observação das estrelas, eles vislumbram a realidade do poder de Deus no mundo. O trabalho deles, falho como era, os leva a reconhecer Jesus como o Filho de Deus. A resposta deles é adorar da melhor maneira que podem. Perceba sua generosidade, uma virtude que Deus valoriza grandemente por toda a Bíblia. Contraste-os com Herodes, que, embora sendo da comunidade da fé, reage à descoberta dos sábios com hostilidade. É difícil imaginar uma resposta mais gananciosa do que a dele. Esse contraste destaca como a graça de Deus se estende a todas as pessoas e a todo o cosmos, não apenas aos que creem. Por outro lado, o povo de Deus continua a cair em pecado, enquanto a moralidade dos descrentes pode ser exemplar.

Será possível que Deus ainda hoje atraia descrentes para si por meio de seu trabalho, incluindo realizações na ciência, na natureza ou no mundo material? Como Paulo coloca, “desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas” (Romanos 1.20). Isso pode ser aplicado quando falamos sobre Cristo no ambiente de trabalho. Podemos até pensar que estamos falamos sobre Cristo para pessoas que não o conhecem, mas a verdade é que Deus talvez já esteja se fazendo conhecido a essas pessoas por meio do trabalho delas, assim como fez com os magos. Podemos ser mais eficientes se reconhecermos que aquilo que estamos de fato fazendo é ajudar os colegas de trabalho a reconhecer e desfrutar a presença de Deus que seu trabalho já está lhes revelando. E nós mesmos faremos muito bem em reconhecer a presença de Deus em nosso trabalho. Os cristãos costumam tratar o trabalho secular com desconfiança, como se o conhecimento e as habilidades empregadas ali de alguma forma diminuíssem a fé. Em vez disso, que tal reconhecermos que todo tipo de trabalho revela a obra e a presença de Deus? Será que o reconhecimento da presença de Deus no trabalho comum de fato fortalece a nossa fé?