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1Coríntios e o trabalho

Comentário Bíblico / Produzido por Projeto Teologia do Trabalho
1 corinthians

Introdução a 1Coríntios

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Nenhuma outra carta no Novo Testamento nos dá uma imagem mais prática da aplicação da fé cristã às questões cotidianas da vida e do trabalho do que 1Coríntios. Tópicos como carreira e chamado, o valor duradouro do trabalho, superação de limitações individuais, liderança e serviço, o desenvolvimento de habilidades (ou “dons”), salários justos, gestão ambiental e o uso do dinheiro e das posses são proeminentes nessa carta. A perspectiva unificadora em todos esses tópicos é o amor. O amor é o propósito, o meio, a motivação, o dom e a glória por trás de todo o trabalho feito em Cristo.

A cidade de Corinto (1Coríntios)

A primeira carta do apóstolo Paulo à igreja em Corinto, que ele fundou em sua segunda viagem missionária (48–51 d.C.), é um tesouro de teologia prática para os cristãos que enfrentam os desafios diários. Ela fornece as instruções de Paulo aos cristãos que lidam com questões da vida real, incluindo conflitos de lealdade, diferenças de classe, conflitos entre liberdade pessoal e o bem comum, e a dificuldade de liderar um grupo diversificado de pessoas para cumprir uma missão compartilhada.

Na época de Paulo, Corinto era a cidade mais importante da Grécia. Sentada no istmo que une a Península do Peloponeso à Grécia continental, Corinto controlava tanto o Golfo Sarônico, a leste, quanto o Golfo de Corinto, ao norte. Os mercadores queriam evitar a difícil e perigosa jornada marítima ao redor dos dedos do Peloponeso, por isso grande parte das mercadorias que fluíam entre Roma e o império ocidental e os ricos portos do Mediterrâneo oriental era transportada por esse istmo. Quase toda mercadoria passava por Corinto, tornando-a um dos grandes centros comerciais do império. Estrabão, um contemporâneo mais velho de Paulo, observou que “Corinto é chamada de ‘rica’ por causa de seu comércio, pois está situada no istmo e possui dois portos, um dos quais leva diretamente à Ásia e o outro à Itália; e facilita a troca de mercadorias de dois países tão distantes um do outro.” [1]

Durante meados do primeiro século, quando escravos libertos, veteranos, mercadores e comerciantes afluíram para a cidade, ela guardava uma atmosfera de prosperidade. Embora o que hoje poderíamos chamar de “mobilidade ascendente” fosse algo indescritível no mundo antigo, Corinto era um lugar onde poderia ser possível, com algumas boas pausas e muito trabalho árduo, estabelecer-se e desfrutar de uma vida razoavelmente boa. [2] Isso contribuiu para o ethos único de Corinto, que se via como próspera e autossuficiente, uma cidade cujo valor central era o “pragmatismo empreendedor na busca do sucesso”. [3] Muitas cidades no mundo de hoje aspiram a esse mesmo ethos.

A igreja em Corinto e as cartas de Paulo (1Co)

Paulo chegou a Corinto no inverno de 49/50 dC [4] e ali viveu um ano e meio. Nesse período, ele se sustentou fabricando tendas — ou talvez trabalhando com couro [5] ( At 18.2-3 ), o ofício que ele aprendeu quando menino — na oficina de Áquila e Priscila (ver 1Co. 4.12 ). Embora pudesse ter aproveitado desde o início o apoio de tempo integral como missionário, como de fato faz mais tarde (At 18.4 e 2Co 11.9), em 1Coríntios 9 ele expõe suas razões para seguir esse curso (veja abaixo).

De qualquer forma, sua pregação na sinagoga logo no sábado deu frutos, e a igreja em Corinto nasceu. A igreja parece ter não mais de cem pessoas quando Paulo escreveu 1Coríntios. Alguns eram judeus, enquanto a maioria era gentia. Eles se reuniam nas casas de dois ou três membros mais ricos, mas a maior parte pertencia à grande classe baixa que povoava todos os centros urbanos. [6]

Paulo se manteve profundamente interessado no desenvolvimento da igreja, mesmo depois de deixar Corinto. Ele havia escrito à congregação pelo menos uma carta antes de 1Coríntios (1Co 5.9), a fim de resolver um problema surgido após sua partida. Membros da casa de Cloe, que podem ter tido interesses comerciais para atender em Éfeso, visitaram Paulo ali e relataram que a igreja em Corinto corria o risco de desmoronar por causa de várias divisões de opinião (1Co 1.11). No estilo empresarial coríntio, grupos concorrentes estavam criando grupos em torno de seus apóstolos favoritos, a fim de ganhar status para si mesmos (capítulos 1-4). Muitos se rebelaram devido a sérias diferenças sobre comportamento sexual e ética nos negócios por parte de alguns de seus membros (capítulos 5-6). Então, outro grupo de representantes da igreja chegou com uma carta na mão (1Co 7.1;16.17), questionando Paulo sobre uma série de temas importantes, como sexo e casamento (capítulo 7), a propriedade de comer carne oferecida anteriormente a ídolos (capítulos 8-10) e adoração (capítulos 11-14). Finalmente, Paulo também tinha aprendido de uma dessas fontes, ou talvez de Apolo (veja 1Co 16.12), que alguns na igreja de Corinto negavam a futura ressurreição dos crentes (capítulo 15).

Essas questões dificilmente surgiram de discussões acadêmicas. Os coríntios queriam saber, como seguidores de Cristo, como agir em questões da vida cotidiana e do trabalho. Paulo fornece respostas ao longo de 1Coríntios, tornando-o um dos livros mais práticos do Novo Testamento.

Todos são chamados (1Co 1.1-3)

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No parágrafo inicial de 1Coríntios, Paulo expõe temas que abordará com mais detalhes no corpo de sua carta. Não por coincidência o conceito de chamado está antes e no centro da introdução. Paulo afirma no primeiro versículo que ele foi “chamado para ser apóstolo de Cristo Jesus, pela vontade de Deus” (1Co 1.1). Uma forte convicção de que ele foi chamado diretamente por Deus permeia as cartas de Paulo (veja, por exemplo, Gl 1.1) e é fundamental para sua missão (ver At 9.14-15). Isso lhe deu uma força notável diante de enormes desafios. Da mesma forma, os crentes coríntios são “chamados” junto “com todos os que, em toda parte, invocam o nome do nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso: Graça e paz a vocês da parte de Deus, o nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo” (1Co 1.2). Logo, veremos que a base de nosso chamado não é a satisfação individual, mas o desenvolvimento comunitário. Embora Paulo não desenvolva esse ponto até mais tarde, na carta (veja 1Co 7.17-24), mesmo nesse momento, fica claro seu pensamento de que todos os crentes devem buscar o chamado que Deus lhes designou.

Recursos espirituais disponíveis (1Co 1.4–9)

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De acordo com as convenções da escrita de cartas antigas, uma saudação era seguida por uma seção em que o autor elogiava o destinatário. [1] Na maioria de suas cartas, Paulo altera essa forma literária oferecendo ações de graças, em vez de louvar, e usando uma frase padrão, como a que temos aqui: “Sempre dou graças ao meu Deus por vocês . . .” (veja 1Co 1.4, bem como Rm 1.8 ; Fp 1.3; Cl. 1.3; 1Ts 1.2; e 2Ts 1.3). Nesse caso, Paulo expressa sua gratidão pelo fato de os crentes coríntios terem experimentado a graça de Deus em Cristo. Isso é mais do que uma vaga piedade. Em vez disso, Paulo tem algo bem específico em mente. Os crentes em Corinto foram enriquecidos por meio de Cristo (1Co 1.5), de modo que “não falta a vocês nenhum dom espiritual enquanto esperam que o nosso Senhor Jesus Cristo seja revelado” (1Co 1.7). Paulo cita especificamente dois dons, a fala e o conhecimento, dos quais a igreja de Corinto desfrutava em abundância.

Para nossos propósitos, é especialmente importante observar que Paulo está convencido de que os crentes em Corinto receberam os recursos espirituais necessários para cumprir seu chamado. Deus os chamou e lhes concedeu dons que lhes permitirão ser “irrepreensíveis no dia do nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co 1.8). Embora o dia da perfeição ainda não tenha chegado, seja no trabalho seja em qualquer outro lugar, os cristãos já têm acesso aos dons que serão plenamente realizados naquele dia.

É difícil imaginar que todos os cristãos coríntios se sentissem como se seu trabalho fosse uma ocupação especial, projetada individualmente por Deus para eles. A maioria eram escravos ou trabalhadores comuns, como veremos. O que Paulo deve dizer é que, pareça ou não especial a ocupação de cada um, Deus concede os dons necessários para que o trabalho de todos contribua para o plano de Deus para o mundo. Não importa quão insignificante nosso trabalho pareça, não importa quanto desejemos ter um emprego diferente, o trabalho que fazemos agora é importante para Deus.

A necessidade de uma visão comum (1Co 1.10-17)

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Paulo afirma, em forma de tese, o que ele está tentando realizar ao escrever 1Coríntios. [1] “Irmãos, em nome do nosso Senhor Jesus Cristo, suplico a todos que concordem uns com os outros no que falam e que não haja divisões entre vocês; antes, que todos estejam unidos em um só pensamento e em um só parecer” (1Co 1.10). O verbo usado nessa frase final consiste em uma metáfora que conota a reparação dos relacionamentos humanos. Assim, Paulo está exortando os coríntios a superarem o facciosismo que prejudicou a unidade da igreja.

A cultura ocidental moderna valoriza muito a diversidade, de modo que corremos o risco de interpretar negativamente as injunções de Paulo. Ele não está defendendo a conformidade de pensamento (como outras passagens deixam claro), mas entende muito claramente que é essencial um senso de propósito e visão comuns. Se houver conflito e desacordo contínuos sobre valores e convicções básicos, e não houver coesão entre seus membros, qualquer organização estará fadada ao fracasso. Embora Paulo esteja escrevendo para uma igreja, sabemos que ele também achava que os cristãos deveriam contribuir para o funcionamento da sociedade em geral. “Lembre a todos que se sujeitem aos governantes e às autoridades, sejam obedientes, estejam sempre prontos a fazer tudo o que é bom” (Tt 3.1; grifo nosso). Portanto, devemos buscar um propósito comum não apenas na igreja, mas também nos locais em que trabalhamos. Nosso papel como cristãos é fazer um bom trabalho em unidade e harmonia com crentes e não crentes. Isso não significa que concordamos com a imoralidade ou a injustiça. Significa que desenvolvemos bons relacionamentos, apoiamos os colegas de trabalho e nos preocupamos em fazer o trabalho com excelência. Se não podemos, em sã consciência, fazer nosso trabalho de todo o coração, precisamos encontrar outro lugar para trabalhar, em vez de resmungar ou fugir.

Status na igreja e no trabalho: amigos em posições inferiores (1Co 1.18–31)

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Paulo lembra à congregação em Corinto que a maioria deles não se origina das classes privilegiadas. “Irmãos, pensem no que vocês eram quando foram chamados. Poucos eram sábios segundo os padrões humanos; poucos eram poderosos; poucos eram de nobre nascimento” (1Co 1.26). Mas a eficácia da igreja não dependia de ter pessoas com todas as conexões, educação ou fortuna. Deus cumpre seus propósitos com pessoas comuns. Já vimos que o valor de nosso trabalho se baseia nos dons de Deus, não em nossas credenciais. Mas Paulo chama atenção para outro ponto. Por não sermos especiais por natureza, jamais devemos tratar os demais como insignificantes.

Mas Deus escolheu os que são loucos para o mundo a fim de envergonhar os sábios e os que são fracos para o mundo a fim de envergonhar os fortes. Deus escolheu as coisas insignificantes do mundo, os desprezados e as coisas que não são para invalidar as que são, a fim de que ninguém se vanglorie diante dele. (1Co 1.27-29; grifo nosso)

Desde os dias de Paulo, muitos cristãos alcançaram posições de poder, riqueza e status. Suas palavras nos lembram que insultamos Deus ao permitir que tais coisas nos tornem arrogantes, desrespeitosos ou abusivos em relação a pessoas em posições de status inferior. Muitos locais de trabalho ainda concedem privilégios especiais a trabalhadores de alto escalão, sem relevância para o trabalho real em questão. Além das diferenças salariais, os trabalhadores de alto status podem desfrutar de escritórios mais sofisticados, viagens de primeira classe, salas de jantar executivas, estacionamento reservado, pacotes de benefícios melhores, associação a clubes pagos pela empresa, residências, motoristas, serviços pessoais e outras regalias. Eles podem receber deferência especial, por exemplo, sendo chamados de “sr.” ou “sra.” ou “professor” — quando outras pessoas na organização são chamadas apenas pelo primeiro nome. Em alguns casos, um tratamento especial pode ser apropriado, com base na natureza do trabalho realizado e nas responsabilidades organizacionais. Mas, em outros casos, esses privilégios podem criar gradações injustificadas de valor e dignidade humana. O ponto de Paulo é que tais distinções não têm lugar entre o povo de Deus. Se gostamos — ou sofremos — de tais distinções no trabalho, podemos nos perguntar se elas contradizem o caráter de igualdade de dignidade das pessoas na presença de Deus e, em caso afirmativo, o que podemos fazer para remediá-las.

É preciso todo tipo (1Co 3.1-9)

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Observamos acima que o principal problema na igreja de Corinto era o facciosismo. Grupos estavam se formando sob a bandeira do nome de Paulo versus o nome de Apolo, outro missionário da igreja de Corinto. Paulo não aceitaria nada disso. Ele e Apolo são simplesmente servos. Embora tenham papéis diferentes, nenhum é mais valioso que o outro. O plantador (Paulo) e o irrigador (Apolo) — para usar uma metáfora agrícola — são igualmente vitais para o sucesso da colheita, e nenhum dos dois é responsável pelo crescimento da colheita. Isso é inteiramente obra de Deus. Os vários trabalhadores têm um objetivo comum em mente (uma colheita abundante), mas têm tarefas diferentes, de acordo com suas habilidades e seu chamado. Todos são necessários e ninguém pode fazer todas as tarefas necessárias.

Paulo, em outras palavras, está ciente da importância da diversificação e da especialização. Em seu famoso ensaio de 1958, “I, Pencil”, o economista Leonard Read seguiu o curso da fabricação de um lápis comum, ressaltando que ninguém sabe como fazer um. Na verdade, é o produto de vários processos sofisticados, que apenas um determinado indivíduo pode dominar. Pela graça de Deus, pessoas diferentes são capazes de desempenhar papéis diferentes em locais de trabalho do mundo. Mas a especialização às vezes leva ao facciosismo interpessoal ou interdepartamental, linhas de comunicação precárias e até difamação pessoal. Se os cristãos acreditarem no que Paulo diz sobre a natureza dada por Deus aos diferentes papéis, talvez possamos assumir a liderança na superação de divisões disfuncionais em nossas organizações. Se formos capazes de simplesmente tratar os outros com respeito e valorizar o trabalho de pessoas diferentes de nós, podemos estar contribuindo significativamente para nosso local de trabalho.

Uma aplicação importante disso é o valor de investir no desenvolvimento do trabalhador, seja ele nosso ou das pessoas em volta. Nas cartas de Paulo, incluindo 1Coríntios, às vezes parece que Paulo nunca faz nada sozinho (veja, por exemplo, 1Co 14-15), mas instrui outros como fazê-lo. Isso não é arrogância ou preguiça, mas orientação. Ele preferiria investir no treinamento de trabalhadores e líderes eficazes a tomar as decisões, sozinho. À medida que amadurecemos no serviço a Cristo no local de trabalho, talvez nos vejamos fazendo mais para equipar os outros e menos para parecer bons.

Realizar boas obras (1Co 3.10-17)

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Paulo introduz a metáfora de um prédio em construção para enfatizar um novo ponto de vista: fazer um bom trabalho. Esse ponto é tão importante para entender o valor do trabalho que vale a pena incluir, aqui, a passagem na íntegra.

Conforme a graça de Deus que me foi concedida, eu, como sábio construtor, lancei o alicerce, e outro está construindo sobre ele. Contudo, veja cada um como constrói. Porque ninguém pode colocar outro alicerce além do que já está posto, que é Jesus Cristo. Se alguém constrói sobre esse alicerce usando ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno ou palha, sua obra será mostrada, porque o Dia a trará à luz; pois será revelada pelo fogo, que provará a qualidade da obra de cada um. Se o que alguém construiu permanecer, esse receberá recompensa. Se o que alguém construiu se queimar, esse sofrerá prejuízo; contudo, será salvo como alguém que escapa através do fogo (1Co 3.10-15).

Essa talvez seja a declaração mais direta do valor eterno do trabalho terreno em toda a Escritura. A obra que realizamos na terra — quando o fazemos segundo os caminhos de Cristo — sobrevive por toda a eternidade. Paulo está falando especificamente do trabalho realizado pela comunidade da igreja, que ele compara a um templo. Paulo se compara a um “excelente construtor” que lançou o fundamento, que é, naturalmente, o próprio Cristo. Outros constroem sobre esse alicerce, e cada um é responsável por seu trabalho. Paulo compara o bom trabalho ao ouro, à prata e às pedras preciosas, e o trabalho medíocre à madeira, ao feno e à palha. Embora alguns tenham tentado atribuir significados específicos a cada um desses materiais, é mais provável que a diferença seja simplesmente que alguns materiais têm a capacidade de resistir a testes de fogo, enquanto outros não.

Paulo não está fazendo nenhum julgamento sobre a salvação de qualquer indivíduo, pois, mesmo que a obra de alguém falhe no teste, “o construtor será salvo”. Essa passagem não é sobre a relação entre as “boas obras” de um crente e sua recompensa celestial, embora muitas vezes tenha sido lida dessa maneira. Em vez disso, Paulo está preocupado com a igreja como um todo e como seus líderes trabalham dentro dela. Se contribuírem para a unidade da igreja, serão elogiados. Se, no entanto, seu ministério resulta em contenda e facciosismo, eles estão, na verdade, provocando a ira de Deus, porque ele protege apaixonadamente seu templo vivo daqueles que o destruiriam (1Co 3.16-17).

Embora Paulo esteja escrevendo sobre o trabalho de construir uma comunidade cristã , suas palavras se aplicam a todos os tipos de trabalho. Como vimos, ele considera que o trabalho cristão inclui tanto o trabalho realizado pelos crentes sob a autoridade secular como o feito na igreja. Seja qual for o trabalho, ele será avaliado imparcialmente por Deus. A avaliação final será melhor do que qualquer avaliação de desempenho, já que Deus julga com perfeita justiça — ao contrário dos chefes humanos, por mais justos ou injustos que sejam — e é capaz de considerar nossas intenções, limitações, nossos motivos, nossa compaixão, e sua misericórdia. Deus chamou todos os crentes para trabalharem em quaisquer circunstâncias em que se encontrem, e nos deu dons específicos para cumprir esse chamado. Ele espera que as usemos com responsabilidade para seus propósitos e inspecionará nosso trabalho. À medida que nosso trabalho for realizado com excelência, por seus dons e por sua graça, ele se tornará parte do reino eterno de Deus. Isso deve nos motivar — mais do que a aprovação do empregador ou o nosso salário — a fazer um trabalho tão bom quanto possível.

Liderança cristã como serviço (1Co 4.1-4)

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Nesta passagem, Paulo oferece uma declaração definitiva do que significa ser um líder: “Portanto, que todos nos considerem servos de Cristo e encarregados dos mistérios de Deus” (1Co 4.1). “Nos” refere-se aos líderes apostólicos por meio dos quais os coríntios chegaram à fé e a quem as várias facções da igreja reivindicaram lealdade (1Co 4.6). Paulo usa duas palavras nesse versículo para elaborar o que ele quer dizer. O primeiro, hypēretēs (“servos”), denota um atendente, um servo que serve ou ajuda alguém. Nesse sentido, os líderes atendem pessoalmente às necessidades das pessoas que eles lideram. Os líderes não são exaltados, mas humilhados, por aceitarem a liderança. O trabalho requer paciência, engajamento pessoal e atenção individual às necessidades dos seguidores. A segunda é oikonomos (“mordomos”), que descreve um servo ou escravo que administra os assuntos de uma casa ou propriedade. A principal distinção nessa posição é a confiança. O mordomo é responsável por administrar os assuntos da casa em benefício do proprietário. Da mesma forma, confia-se que o líder gerencie o grupo para o benefício de todos os seus membros, e não para benefício pessoal. Essa qualidade é explicitamente atribuída a Timóteo (2Co 4.17), Tíquico (Ef 6.21; Cl 4.7), Paulo (1Tm 1.12), Antipas (Ap 2.13) e, acima de tudo, Cristo (2Tm 2.13; Hb 2.17). Esses são os tipos de pessoas em quem Deus confia para realizar seu plano para o reino.

Os locais de trabalho modernos costumam criar sistemas para recompensar os líderes por usarem suas equipes para atingir os objetivos da organização. Essa é provavelmente uma prática sábia, a menos que incentive os líderes a alcançarem essas recompensas a custa das pessoas que lideram. Os líderes são, de fato, responsáveis ​​por realizar — ou, melhor ainda, exceder — o trabalho para o qual suas equipes são designadas. Mas não é legítimo o líder sacrificar as necessidades do grupo para obter recompensas pessoais. Em vez disso, os líderes são chamados a cumprirem as metas do grupo atendendo às necessidades do grupo.

Trabalhando com descrentes (1Co 5.9-10)

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No capítulo 5, Paulo introduz a questão do trabalho com descrentes, que ele explorará mais detalhadamente no capítulo 10 e, por fim, em 2Coríntios, capítulo 6 (veja “Trabalhando com descrentes” em 2Co). Nesse ponto, ele diz simplesmente que os cristãos não são chamados a se afastarem do mundo por causa de temores sobre ética. “Já escrevi a vocês em carta para não se associarem a pessoas sexualmente imorais. Não me refiro, com isso, aos imorais deste mundo, nem aos avarentos, nem aos ladrões, nem aos idólatras. Se assim fosse, vocês teriam que sair deste mundo” (1Co 5.9-10). Ao mencionar avarentos, ladrões e idólatras, ele indica explicitamente que está incluindo o mundo do trabalho em suas instruções. Embora devamos nós mesmos evitar a imoralidade, e não nos associar com pessoas imorais cristãs, Paulo espera que trabalhemos com descrentes, mesmo com aqueles que não observam os princípios éticos de Deus. Desnecessário dizer que se trata de uma proposta difícil, embora não entre em detalhes até o capítulo 10. O ponto que ele enfatiza aqui é simplesmente que os cristãos são proibidos de tentar criar algum tipo de economia exclusivamente cristã e deixar o mundo à própria sorte. Em vez disso, somos chamados a ocupar nosso lugar na obra do mundo ao lado das pessoas do mundo.

Floresça onde você está plantado (1Co 7.20-24)

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No meio de um capítulo que trata principalmente de questões relacionadas ao casamento e ao estado de solteiro, Paulo faz uma declaração importante sobre chamado e trabalho. Tudo o mais constante, os crentes devem permanecer na situação de vida em que se encontravam quando se converteram (1Co 7.20). A questão específica com a qual Paulo está lidando não afeta diretamente a maioria das pessoas no mundo ocidental, embora seja crítica em muitas partes do mundo, hoje. O que os crentes que são escravos devem fazer se tiverem a chance de ganhar a liberdade?

A escravidão no mundo antigo era um fenômeno complexo que de forma alguma se identifica com as manifestações modernas, seja no sul dos Estados Unidos pré-Guerra Civil, seja na servidão por dívida no sul da Ásia contemporânea, seja no tráfico sexual existente em praticamente todos os países do mundo. De certo, foi igualmente hediondo em muitos casos, mas alguns escravos, em particular os domésticos que Paulo provavelmente tem em mente aqui, estavam em melhor situação, pelo menos econômica, do que muitas pessoas livres. Muitas pessoas instruídas, incluindo médicos e contadores, na verdade escolheram a escravidão exatamente por esse motivo. Portanto, para Paulo, estava realmente em aberto a questão sobre qual seria a melhor situação, se a escravidão ou a liberdade. As formas modernas de escravidão, em contrapartida, sempre diminuem severamente a vida dos escravizados.

O ponto, então, não é se a escravidão deve ser abolida, mas se os escravos devem procurar ser livres. É difícil determinar a natureza precisa da instrução de Paulo aqui, porque o grego de 1Coríntios 7.21 é ambíguo, tanto que abre espaço para duas interpretações divergentes. Como algumas traduções em língua inglesa e vários comentaristas a entendem, ela deve ser traduzida da seguinte forma: “Você era escravo quando foi chamado? Não se preocupe com isso. Mesmo que você possa ganhar sua liberdade, faça uso de sua condição atual agora mais do que nunca.” Igualmente possível (e mais provável, em nossa opinião), no entanto, é o sentido dado na NVI, que é: “Foi você chamado sendo escravo? Não se incomode com isso; embora, se você puder conseguir a liberdade, consiga-a.”

Seja qual for o conselho de Paulo, a crença subjacente é que — quando comparada à diferença entre estar em Cristo e não estar em Cristo — a diferença entre ser escravo e uma pessoa livre é relativamente pequena. “Pois aquele que foi chamado pelo Senhor, sendo escravo, é pessoa livre e pertence ao Senhor; semelhantemente, aquele que era livre, uma vez chamado, é escravo de Cristo.” (1Co 7.22). Portanto, se não houver motivos convincentes para mudar de status, provavelmente é melhor permanecer na situação em que você foi chamado.

O ensino de Paulo aqui tem uma aplicação importante para o local de trabalho. Embora possamos sentir que conseguir o emprego certo é o fator mais importante para servir a Deus ou experimentar a vida que ele deseja para nós, Deus está muito mais preocupado com que aproveitemos ao máximo cada trabalho que tivermos ao longo de nossa vida. Em determinado momento, pode haver boas razões para mudar de emprego ou mesmo de profissão. Tudo bem, vá em frente e faça. No entanto, qualquer trabalho moralmente legítimo pode cumprir o chamado de Deus, logo, não torne a tarefa de encontrar o trabalho da sua vida o trabalho de sua vida. Não há uma hierarquia de profissões mais e menos piedosas. Certamente, isso nos adverte contra a crença de que Deus chama os cristãos mais sérios para os trabalhos da igreja.

Para uma discussão aprofundada sobre esse tópico, consulte o artigo Visão geral da vocação em www.teologiadotrabalho.org.

Mantenha a perspectiva correta (1Co 7.29–31)

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Paulo menciona a seguinte questão: se o prometido retorno do Senhor implica que os cristãos devam abandonar a vida cotidiana comum, incluindo o trabalho.

O que quero dizer, irmãos, é que nos resta pouco tempo. De agora em diante, aqueles que têm esposa vivam como se não tivessem; aqueles que choram, como se não chorassem; os que estão felizes, como se não estivessem; os que compram algo, como se nada possuíssem; 31os que usam as coisas do mundo, como se não as usassem. Porque a forma presente deste mundo passará. (1Co 7.29-31)

Aparentemente, alguns crentes negligenciaram os deveres familiares e pararam de trabalhar, da mesma forma que você poderia deixar de varrer o chão antes de se mudar para uma nova casa. Paulo já havia lidado com essa situação na igreja em Tessalônica e dado instruções inequívocas.

Quando ainda estávamos com vocês, nós ordenamos isto: Se alguém não quiser trabalhar, também não coma. Pois ouvimos que alguns de vocês estão ociosos; não trabalham, mas andam se intrometendo na vida alheia. A tais pessoas ordenamos e exortamos no Senhor Jesus Cristo que trabalhem tranquilamente e comam o seu próprio pão. (2Ts 3.10-12)

A lógica de Paulo será mais fácil de entender se reconhecermos que 1Coríntios 7.29 não indica apenas que “o tempo é pouco”, no sentido de que a segunda vinda de Jesus está quase chegando. Aqui Paulo usa um verbo que descreve como um objeto é unido (synestalmenos), de modo que ele se torna mais curto ou menor como um todo. “O tempo foi comprimido” pode ser uma tradução melhor ou “o tempo foi encurtado”. O que Paulo aparentemente quer dizer é que, desde a vinda de Cristo, o fim da vasta extensão de tempo finalmente se tornou visível. “O resultado futuro deste mundo tornou-se claro como cristal”, escreve o estudioso David E. Garland. [1] 1Coríntios 7.31 explica que “a forma presente deste mundo está passando”. A “forma presente” tem o sentido de “como as coisas são” em nosso mundo caído de relacionamentos sociais e econômicos prejudicados. Paulo quer que seus leitores entendam que a vinda de Cristo já efetuou uma mudança no próprio tecido da vida. Os valores e as aspirações simplesmente tidos como garantidos no modo atual de fazer as coisas não são mais funcionais para os crentes.

A resposta adequada à compressão do tempo não é parar de trabalhar, mas trabalhar de forma diferente. As velhas atitudes em relação à vida cotidiana e seus assuntos devem ser substituídas. Isso nos traz de volta às afirmações paradoxais em 1Coríntios 7.29–31. Devemos comprar, mas agir como se não tivéssemos bens. Devemos lidar com o mundo como se não estivéssemos lidando com o mundo tal qual o conhecemos. Ou seja, podemos fazer uso das coisas que este mundo tem a oferecer, mas não devemos aceitar seus valores e princípios quando eles atrapalham o reino de Deus. Devemos empregar as coisas que compramos para o bem dos outros, em vez de nos apegar a elas. Quando negociamos no mercado, devemos buscar o bem da pessoa de quem compramos, não apenas nossos próprios interesses. Em outras palavras, Paulo está chamando os crentes a “uma compreensão radicalmente nova de seu relacionamento com o mundo”. [2]

Nossa velha atitude é a de que trabalhamos para tornar a vida mais confortável e satisfatória para nós mesmos e para as pessoas próximas a nós. Procuramos reunir coisas que pensamos nos trazer status, segurança e vantagem sobre os demais. Primeiro, compartimentalizamos a adoração a nossos deuses, depois focamos a atenção no casamento, depois no trabalho, depois no engajamento cívico, se tivermos algum tempo e energia sobrando. A nova atitude é que trabalhamos para beneficiar a nós mesmos, às pessoas próximas a nós e a todos aqueles por quem Jesus trabalhou e morreu. Procuramos liberar o que possuímos a fim de que seja usado de modo a tornar o mundo mais semelhante ao que Deus deseja. Integramos nossa vida de adoração, família, trabalho e sociedade, e procuramos investir — em vez de ficar de um lado para o outro — em capital físico, intelectual, cultural, moral e espiritual. Nisso, imitamos o antepassado do povo de Deus, Abraão, a quem Deus disse: “Farei de você um grande povo e o abençoarei. Tornarei famoso o seu nome, e você será uma bênção” (Gn 12.2).

Todos recebem seu quinhão (1Co 9.7-10)

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No capítulo 9, Paulo explica por que inicialmente optou por não aceitar apoio financeiro direto da igreja de Corinto, embora tivesse direito a isso. Ele começa afirmando o direito dos obreiros, incluindo os apóstolos, de receberem salário por seu trabalho. Servimos ao Senhor em nosso trabalho, e o Senhor deseja que, em troca, obtenhamos sustento dele. Paulo dá três exemplos da vida cotidiana para ilustrar esse ponto. Soldados, vinicultores e pastores obtêm benefícios econômicos por seu trabalho. Paulo, no entanto, raramente apela apenas à convenção para defender seu caso, então ele cita Deuteronômio 25.4 (“Não amordace o boi enquanto ele estiver debulhando o grão”) em apoio ao seu argumento. Se até os animais merecem uma parte dos frutos de seu trabalho, então certamente qualquer pessoa que participe da obtenção de algum benefício deve compartilhar dele.

Esse texto tem implicações claras para o local de trabalho, especialmente para os empregadores. Os trabalhadores merecem um salário justo. Na verdade, a Bíblia ameaça os empregadores com consequências terríveis se eles negarem a seus funcionários uma compensação justa (Lv 19.13 ; Dt 24.14; Tg 5.7). Paulo sabe que uma variedade de fatores afeta a determinação de um salário justo, e ele não tenta prescrever um número ou fórmula. Da mesma forma, as complexidades de oferta e demanda, a regulação e sindicalização, salários e benefícios, e poder e flexibilidade nos mercados de trabalho atuais estão além do escopo deste capítulo. Mas o princípio não. Aqueles que empregam trabalho humano não podem negligenciar as necessidades daqueles cujo trabalho empregam.

No entanto, Paulo escolhe não fazer uso de seu direito de receber salário por seu trabalho como apóstolo. Por quê? Porque, no caso dele, dadas as sensibilidades da igreja em Corinto, fazê-lo poderia “colocar um obstáculo no caminho do evangelho de Cristo” (1Co 9.12). Por acaso, Deus tornou possível que ele ganhasse a vida lá, apresentando-o a outros fabricantes de tendas (ou coureiros), Priscila e Áquila, que moram em Corinto (At 18.1-3; Rom. 16.3). Paulo não espera que Deus arranje as coisas de modo que todos os obreiros da igreja possam trabalhar de graça. Mas, nesse caso, Deus o fez, e Paulo aceita a provisão de Deus com gratidão. A questão é que apenas o trabalhador tem o direito de se oferecer para trabalhar sem remuneração justa. O empregador não tem o direito de exigir isso.

A glória de Deus é o objetivo final (1Co 10)

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No decorrer de uma discussão extensa, iniciada no capítulo 8, sobre uma questão de importância crítica para os crentes em Corinto — a propriedade de comer carne que antes havia sido oferecida a ídolos —, Paulo articula um princípio amplo a respeito do uso dos recursos da terra. Ele diz, citando Salmos 24.1: “Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem” (1Co 10.26). Ou seja, como tudo vem de Deus, qualquer alimento pode ser consumido, independentemente do uso anterior para fins de culto pagão. (Em uma cidade romana, grande parte da carne vendida no mercado teria sido oferecida a ídolos no decorrer de sua preparação.)[1] Há dois aspectos desse princípio que se aplicam ao trabalho.

Primeiro, podemos estender a lógica de Paulo para concluir que os crentes podem usar tudo o que a terra produz, incluindo alimentos, roupas, bens manufaturados e energia. No entanto, ele estabelece um limite nítido para esse uso. Se prejudicar alguém, devemos nos abster. Se o contexto de um jantar em que carne é oferecida a ídolos é o problema, então a consciência de outra pessoa pode ser a razão pela qual precisamos nos abster de comê-la. Se o contexto é a segurança do trabalhador, a escassez de recursos ou a degradação ambiental , então o bem-estar dos trabalhadores de hoje, o acesso a recursos pelos pobres de hoje e as condições de vida da população de amanhã podem ser as razões pelas quais nos abstemos de consumir certos itens. Visto que Deus é o dono da terra e de sua plenitude, o uso que fazemos dela deve estar em consonância com seus propósitos.

Em segundo lugar, espera-se que nos envolvamos no comércio com incrédulos, como já vimos em 1Coríntios 5.9-10. Se os cristãos estivessem comprando carne apenas de açougueiros cristãos, ou mesmo de judeus, é claro que não haveria razão para se preocupar se ela havia sido oferecida a ídolos. Mas Paulo afirma que os crentes devem se engajar no comércio com a sociedade em geral. (As preocupações no capítulo 8 também pressupõem que os cristãos se envolverão em relacionamentos sociais com descrentes, embora esse não seja o nosso tópico aqui.) Os cristãos não são chamados a se afastarem da sociedade, mas a se envolverem com ela, incluindo os locais de trabalho. Como observado anteriormente, Paulo discute os limites desse engajamento em 2Coríntios 6.14-18 (veja “Trabalhando com descrentes ” em 2Coríntios).

“Assim, quer vocês comam, quer bebam, quer façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus”, diz Paulo (1Co 10.31). Esse versículo de forma alguma legitima todas as atividades concebíveis. Não deve ser interpretado no sentido de que absolutamente qualquer coisa pode ser feita para trazer glória a Deus. O ponto de Paulo é que temos de discernir se nossas ações — incluindo o trabalho — são consistentes com os propósitos de Deus no mundo. O critério não é se nos associamos a descrentes, se usamos materiais que poderiam ser utlizados ​​para o mal de outros, se lidamos com pessoas que não são amigas de Deus, mas se o trabalho que fazemos contribui para os propósitos de Deus. Nesse caso, tudo o que fizermos será realmente feito para a glória de Deus.

O resultado é que todas as vocações que agregam valor genuíno ao mundo criado por Deus de uma maneira que beneficie a humanidade são verdadeiros chamados que trazem glória a Deus. O agricultor e o balconista de supermercado, o fabricante e o regulador de emissões, o pai e o professor, o eleitor e o governador podem desfrutar da satisfação de servir no plano de Deus para sua criação.

Dons espirituais em comunidade (1Co 12.1—14.40)

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O uso do que veio a ser chamado de “dons espirituais” (12.1) parece ter causado muita controvérsia na igreja de Corinto. Aparentemente o dom de línguas (ou seja, declarações extáticas lideradas pelo Espírito), em particular, estava sendo usado para acentuar as diferenças de status na igreja, com aqueles que praticavam esse dom alegando ser mais espirituais do que aqueles que não o praticavam (veja 12.1-3, 13.1, 14.1-25). [1] Ao contra-atacar, Paulo articula uma compreensão ampla dos dons do Espírito de Deus, que apresenta grandes aplicações para o trabalho.

A primeira coisa a observar é que o termo “dons espirituais” é muito limitado para descrever o que Paulo está falando. Eles são “espirituais” no sentido amplo de serem originários do Espírito de Deus, não no sentido estrito de serem desencarnados ou paranormais. E “dom” é apenas um dos vários termos que Paulo usa para o fenômeno que tem em mente. Apenas no capítulo 12, ele chama os vários dons de “ministérios” (12.5), “atuação” (12.6), “manifestação” (12.7), “obras”, “formas” e “espécies” (12.28). O uso exclusivo do termo “dom espiritual” para se referir ao que Paulo também chama de “manifestação do espírito de Deus para o bem comum” ou “espécie de serviço” tende a distorcer nosso pensamento. [2] Isso sugere que o Espírito de Deus substitui ou ignora as capacidades e habilidades “naturais” que Deus nos deu, o que implica que o destinatário do “presente” é o beneficiário pretendido. Isso nos faz pensar que a adoração, e não o serviço, é o propósito principal da operação do Espírito. Todas essas são suposições falsas, de acordo com 1Coríntios. O Espírito Santo não dispensa nossas habilidades físicas, mas as honra e as emprega (12.14-26). A comunidade ou organização, não apenas o indivíduo, se beneficia (12.7). O propósito é edificar a comunidade (14.3-5) e servir aos de fora (14.23-25), não apenas para melhorar a qualidade da adoração. “Presentes” talvez seja um termo melhor, já que carrega de modo mais apropriado essas importantes conotações.

Em segundo lugar, Paulo parece estar fornecendo vários exemplos, em vez de uma lista exaustiva. Ele também lista os dons de Deus em Romanos 12.6–8 , Efésios 4.11 e 1Pedro 4.10–11 , e as diferenças entre as listas sugerem que elas são ilustrativas, e não exaustivas. Entre elas, não há uma lista padrão ou mesmo um modo padrão de se referir às várias formas de oferecer os dons. Ao contrário de muita literatura popular sobre o assunto, é impossível compilar uma lista definitiva dos dons espirituais. Eles exibem uma variedade impressionante. Alguns são o que chamaríamos de sobrenaturais (falar em línguas desconhecidas), enquanto outros parecem ser habilidades naturais (liderança) ou mesmo traços de personalidade (misericórdia). Como vimos, Paulo nos diz que “[façamos] tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31), e aqui ele lista algumas das coisas incríveis que Deus nos capacitará a fazer.

Aqui Paulo tem a igreja em mente (14.4,12), e alguns cristãos supõem que essa passagem significa que o Espírito concede dons apenas para uso dentro da igreja. No entanto, Paulo não dá razão para supor que esses dons estejam restritos aos limites da igreja. O reino de Deus abrange o mundo inteiro, não apenas as instituições da igreja. Os crentes podem e devem exercer seus dons em todos os ambientes, incluindo o local de trabalho. Muitos dos dons mencionados aqui — como liderança, serviço e discernimento — serão de benefício imediato no local de trabalho. Outros, sem dúvida, serão dados a nós, conforme necessário, para servir aos propósitos de Deus em qualquer trabalho que façamos. Devemos, por todos os meios, desenvolver os dons que recebemos e usá-los para o bem comum em todas as esferas da vida.

Na verdade, a questão mais importante não é quem, onde, o quê ou como exercitamos os dons do Espírito de Deus. A questão mais importante é por que empregamos os dons. E a resposta é: “Por amor”. Dons, talentos e habilidades — que vêm de Deus — são fontes de excelência no trabalho. Entretanto, ao começar a discutir a importância do amor, Paulo diz: “Passo agora a mostrar a vocês um caminho ainda mais excelente” (12.31), “Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor” (13.13). Se eu exercesse todos os dons maravilhosos do Espírito de Deus “mas não tivesse amor”, diz Paulo, “eu nada seria” (13.2). Embora o capítulo 13 seja frequentemente lido em casamentos, é, na verdade, um manifesto perfeito para o local de trabalho.

O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. (13.4-7)

Se os cristãos demonstrassem esse tipo de amor no local de trabalho, o trabalho seria muito mais produtivo e enriquecedor para todos? Quanta glória isso traria ao nosso Senhor? Quão mais perto estaríamos do cumprimento de nossa oração a Deus: “Venha à terra o teu reino”?

Nosso trabalho não é inútil (1Co 15.58)

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No capítulo 15, Paulo conduz uma longa discussão sobre a ressurreição e aplica suas conclusões diretamente ao trabalho. “Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o trabalho de vocês não será inútil” (1Co 15.58). Como o entendimento correto da ressurreição — que os crentes serão ressuscitados corporalmente — fundamenta a conclusão de que o trabalho para o Senhor tem um significado perene (“não será inútil”)?

Antes de tudo, devemos reconhecer que, se a vida em nosso mundo caído fosse tudo o que havia para a vida, o trabalho seria inútil (1Co 15.14-19). O uso que Paulo faz da palavra inútil traz à mente a extensa meditação de Eclesiastes sobre a vaidade do trabalho sob as condições da Queda. (Ver Ecclesiastes and Work, em www.teologiadotrabalho.org.) Mesmo que haja vida além do estado decaído do mundo atual, nosso trabalho seria inútil se o novo mundo fosse completamente desconectado daquele. No máximo, isso nos lançaria (e talvez a outros) no novo mundo. Mas já vimos que o trabalho feito de acordo com os caminhos de Deus sobrevive na eternidade (1Co 3.10-15). Na segunda metade do capítulo 15, Paulo desenvolve esse assunto ainda mais, enfatizando a continuidade fundamental entre a existência corporal pré e pós-ressurreição, apesar das vastas diferenças nas respectivas substâncias. “Pois é necessário que aquilo que é corruptível se revista de incorruptibilidade, e aquilo que é mortal se revista de imortalidade.” (1Co 15.53). A alma não muda do corpo antigo para um novo corpo — como se estivesse vestindo uma roupa nova — mas o corpo atual reveste-se da imortalidade. O velho continua no novo, embora radicalmente transformado. É precisamente essa continuidade que dá sentido a nossa existência atual e garante que nosso trabalho para Deus tenha valor perene. [1]

Os cristãos compartilham recursos com aqueles que estão em dificuldades (1Co 16.1–3)

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Um projeto contínuo que Paulo buscou ao longo de suas viagens missionárias foi o de arrecadar recursos para as congregações na Judeia que passavam por dificuldades financeiras. [1] Ele menciona essa arrecadação não apenas aqui, mas também em Gálatas 2.10, e explica mais completamente a razão teológica para tal em Romanos 15.25-31 e em 2Coríntios 8—9. Para nossos propósitos, é importante observar que, de acordo com Paulo, parte do que um crente ganha deve ser revertido em benefício daqueles que não podem prover adequadamente para si mesmos. Para Paulo, uma das funções essenciais da igreja é cuidar das necessidades de seus membros em todo o mundo. O Antigo Testamento prescrevia dízimos fixos e ofertas voluntárias, [2] que, juntos, apoiavam as operações do templo, a manutenção do estado e o socorro aos pobres. Mas esse sistema havia cessado com o fim dos reinos judeus. A arrecadação de Paulo para os pobres da Judeia concede alívio à igreja, antes providenciado pelos dízimos e pelas ofertas do Antigo Testamento.

O Novo Testamento em nenhum lugar menciona porcentagens fixas, mas Paulo encoraja a generosidade (ver 2Co 8—9), o que dificilmente significaria menos do que os níveis do Antigo Testamento. Ao longo dos séculos seguintes, à medida que a igreja crescia, seu papel como prestadora de serviços sociais tornou-se um elemento essencial da sociedade, superando até mesmo o Império Romano. [3] Seja qual for o valor dado, espera-se que os crentes o determinem com antecedência, como parte de seu orçamento, e tragam suas ofertas regularmente para as reuniões semanais da congregação. Em outras palavras, é preciso uma mudança sustentada no estilo de vida para alcançar esse nível de generosidade. Não estamos falando de trocados.

Esses princípios exigem reflexão renovada em nosso tempo. Ainda que o Estado tenha substituído a igreja como principal provedora de bem-estar social, existem algumas formas de serviço para cuja realização Deus capacita os cristãos excepcionalmente bem? O trabalho, o investimento e outras atividades econômicas dos cristãos poderiam ser um meio de servir aqueles que enfrentam dificuldades financeiras? Na época de Paulo, havia limitações para que os cristãos iniciassem negócios, se envolvessem no comércio ou fornecessem treinamento e educação, mas hoje esses podem ser meios de criar empregos ou sustentar pessoas economicamente desfavorecidas. O propósito de doar é apenas para unir mais a igreja em todo o mundo (certamente um dos objetivos de Paulo) ou também para cuidar do próximo? Será que hoje Deus chama os crentes para doar recursos e conduzir negócios, governos, educação e todas as outras formas de trabalho, como um meio de cuidar de pessoas em dificuldades?

Resumo e conclusão de 1Coríntios

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Primeira Coríntios tem muito a contribuir para a compreensão bíblica do trabalho. Acima de tudo, estabelece um senso saudável de chamado a todo tipo de trabalho legítimo. Em suas palavras iniciais, Paulo enfatiza que Deus chamou tanto a ele quanto os crentes de Corinto para seguirem a Cristo. Deus fornece a cada crente recursos espirituais e dons concretos para servir os outros. Nossa eficácia não depende de méritos próprios, mas do poder de Deus. Quando dependemos de seu poder, podemos e devemos procurar fazer um bom trabalho. Deus nos conduz a uma visão e a um propósito comuns no trabalho, o que requer um conjunto diversificado de pessoas trabalhando em uma ampla variedade de empregos. Os líderes são necessários para focarem eficazmente essa diversidade e variedade.

Os líderes no reino de Deus são servos dos liderados, responsáveis ​​por realizar as tarefas do grupo, e ao mesmo tempo atender a suas necessidades. Seja qual for nossa posição, é mais importante trabalhar todos os dias de acordo com os propósitos de Deus do que gastar todo o tempo e energia procurando o emprego perfeito. Por sabermos que Cristo voltará para completar a restauração do mundo por Deus ao propósito original, temos a confiança necessária para trabalhar diligentemente em prol do reino vindouro de Cristo. Quando trabalhamos de acordo com nossas habilidades, Deus recompensa nosso trabalho com uma parte justa de seus frutos. Os cristãos são chamados a padrões de salário e trabalho justo.

Nosso objetivo final é o reino de Deus e sua glória. Isso nos dá liberdade para usar os recursos do mundo, mas devemos administrá-los para o benefício de todos, incluindo as gerações futuras. Na verdade, nem devemos pensar em termos de equilibrar as necessidades de um indivíduo com as de outro, mas em construir comunidades de apoio e serviço mútuos. O amor é a mola mestra do reino de Deus e, quando trabalhamos por amor às pessoas por quem Cristo trabalhou e morreu, nosso trabalho não é inútil. Ele tem um significado eterno e sobrevive conosco no novo mundo do reino de Deus cumprido. Enquanto isso, usamos com mais diligência os recursos disponíveis para cuidar dos necessitados.

Versículos e temas-chave em 1Coríntios

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Versículos

Temas

1Co 1.1-2 Paulo, chamado para ser apóstolo de Cristo Jesus, pela vontade de Deus, e o irmão Sóstenes, À igreja de Deus que está em Corinto, aos que têm sido santificados em Cristo Jesus e chamados para ser santos, com todos os que, em toda parte, invocam o nome do nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso.

Cada crente tem um chamado.

1Co 1.4-7 Sempre dou graças ao meu Deus por vocês, por causa da graça que dele receberam em Cristo Jesus. Pois por meio dele vocês foram enriquecidos em tudo, isto é, em toda a palavra e em todo o conhecimento, segundo o testemunho de Cristo que foi confirmado entre vocês. Desse modo, não falta a vocês nenhum dom espiritual enquanto esperam que o nosso Senhor Jesus Cristo seja revelado.

Deus dá aos crentes os recursos espirituais de precisam para cumprir seu chamado.

1Co 1.10 Irmãos, em nome do nosso Senhor Jesus Cristo, suplico a todos que concordem uns com os outros no que falam e que não haja divisões entre vocês; antes, que todos estejam unidos em um só pensamento e em um só parecer.

Unidade de visão é essencial para alcançar o objetivo.

1Co 1.17 Pois Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho, não com palavras de sabedoria humana, para que o poder da cruz não seja diminuído.

Devemos ter foco naquilo que fomos chamados a fazer.

1Co 1.26 Irmãos, pensem no que vocês eram quando foram chamados. Poucos eram sábios segundo os padrões humanos; poucos eram poderosos; poucos eram de nobre nascimento.

Pessoas chamadas e talentosas apresentam todo tipo de background.

1Co 2.1-5 Eu mesmo, irmãos, quando estive entre vocês, não fui com discurso eloquente nem com muita sabedoria para lhes proclamar o mistério de Deus. Pois decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e este crucificado. E foi com fraqueza, temor e com muito tremor que estive entre vocês. Minha mensagem e minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do poder do Espírito, para que a fé que vocês têm não se baseasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus.

Imagem não é absolutamente tudo; o conteúdo importa.

1Co 3.4-9 Pois, quando alguém diz: “Eu sou de Paulo” e outro: “Eu sou de Apolo”, não estão sendo mundanos? Afinal de contas, quem é Apolo? Quem é Paulo? Apenas servos por meio dos quais vocês vieram a crer, conforme o ministério que o Senhor atribuiu a cada um. Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fez crescer; de modo que nem o que planta nem o que rega são alguma coisa, mas unicamente Deus, que efetua o crescimento. O que planta e o que rega têm um só propósito, e cada um será recompensado de acordo com o seu próprio trabalho. Pois nós somos cooperadores de Deus; vocês são lavoura de Deus e edifício de Deus.

Todos têm um papel importante a desempenhar na consecução da meta, e ninguém pode levar todo o crédito.

1Co 3.10-15 Conforme a graça de Deus que me foi concedida, eu, como sábio construtor, lancei o alicerce, e outro está construindo sobre ele. Contudo, veja cada um como constrói. Porque ninguém pode colocar outro alicerce além do que já está posto, que é Jesus Cristo. Se alguém constrói sobre esse alicerce usando ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno ou palha, sua obra será mostrada, porque o Dia a trará à luz; pois será revelada pelo fogo, que provará a qualidade da obra de cada um. Se o que alguém construiu permanecer, esse receberá recompensa. Se o que alguém construiu se queimar, esse sofrerá prejuízo; contudo, será salvo como alguém que escapa através do fogo.

Cada um é responsável diante de Deus por sua própria maneira de trabalhar.

1Co 4.1-2 Portanto, que todos nos considerem servos de Cristo e encarregados dos mistérios de Deus. O que se requer desses encarregados é que sejam fiéis.

Fidelidade é uma qualidade de suprema importância.

1Co 7.20-24 Cada um deve permanecer na condição em que foi chamado por Deus. Foi você chamado sendo escravo? Não se incomode com isso; embora, se você puder conseguir a liberdade, consiga-a. Pois aquele que foi chamado pelo Senhor, sendo escravo, é pessoa livre e pertence ao Senhor; semelhantemente, aquele que era livre, uma vez chamado, é escravo de Cristo. Vocês foram comprados por um preço; não se tornem escravos de homens. Irmãos, cada um deve permanecer diante de Deus na condição em que foi chamado.

De modo geral, os crentes não precisam mudar de emprego para agradar a Deus.

1Co 7.29-31 O que quero dizer, irmãos, é que nos resta pouco tempo. De agora em diante, aqueles que têm esposa vivam como se não tivessem; aqueles que choram, como se não chorassem; os que estão felizes, como se não estivessem; os que compram algo, como se nada possuíssem; os que usam as coisas do mundo, como se não as usassem. Porque a forma presente deste mundo passará.

Os crentes podem usar as coisas que o mundo tem a oferecer, mas não devem depender delas.

1Co 9.7-10 Quem serve como soldado custeando as próprias despesas? Quem planta uma vinha e não come do seu fruto? Quem apascenta um rebanho e não bebe do seu leite? Não digo isso do ponto de vista meramente humano; a lei não diz a mesma coisa? Pois está escrito na lei de Moisés: “Não amordace o boi enquanto estiver debulhando o grão”. Por acaso, é com bois que Deus está preocupado? Não é certamente por nossa causa que ele o diz? Sim, isso foi escrito em nosso favor. Porque o lavrador quando ara e o debulhador quando debulha devem fazê-lo na esperança de participar da colheita.

Todos os que participam da criação de riqueza merecem uma parte justa dela.

1Co 10.26,31 Pois “do Senhor é a terra e tudo o que nela existe [...] Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus”.

Todo trabalho legítimo deve ter A glória de Deus como objetivo.

1Co 12.4-11 Há diferentes tipos de dons, mas um mesmo Espírito. Há diferentes tipos de serviço, mas o Senhor é o mesmo. Há diferentes tipos de atuação, mas é o mesmo Deus quem efetua tudo em todos. A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum. A um, pelo Espírito, é dada a palavra de sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra de conhecimento; a outro, fé, pelo mesmo Espírito; a outro, dons de curar, pelo mesmo Espírito; a outro, poderes para realizar milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a outro, variedade de línguas; a outro, ainda, interpretação de línguas. Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui a cada um como quer.

Todo crente é presenteado por Deus concretamente ao estar a serviço dos outros.

1Co 15.58 Portanto, meus amados irmãos, mantenham-se firmes, e que nada os abale. Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o trabalho de vocês não será inútil.

Por causa da esperança da ressurreição, nosso trabalho nesta vida tem valor perene.

1Co 16.1-3 Quanto à coleta para os santos, façam como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vocês separe uma quantia em dinheiro, de acordo com a sua renda, reservando-a para que não seja preciso fazer coletas quando eu chegar. Então, quando eu chegar, entregarei cartas de recomendação aos homens que vocês aprovarem e os enviarei a Jerusalém com a oferta de vocês.

Os crentes devem usar seus recursos para cuidar de irmãos e irmãs em dificuldade financeira.