Bootstrap

Seja transformado pela renovação da sua mente (Rm 12.1-3)

Comentário Bíblico / Produzido por Projeto Teologia do Trabalho
Kitchen 620

Dar vida ao aspecto comunitário da salvação significa reorientar a mente e a vontade de servir a nós mesmos para o desejo de servir à comunidade.

Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Por isso, pela graça que me foi dada digo a todos vocês: Ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas, ao contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus lhe concedeu. (Rm 12.2-3)

Vamos começar com a segunda metade dessa passagem, em que Paulo explicita o aspecto comunitário: “Digo a todos vocês: Ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter”. Em outras palavras, pense menos em si mesmo e mais nos outros, mais na comunidade. Um pouco adiante, no capítulo 12, Paulo amplia isso, acrescentando: “Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal” (Rm 12.10); “Compartilhem o que vocês têm com os santos em suas necessidades”; “Pratiquem a hospitalidade” (Rm 12.13); “Procurem fazer o que é correto aos olhos de todos” (Rm 12.17) e “Façam todo o possível para viver em paz com todos” (Rm 12.18).

A primeira parte dessa passagem nos lembra que, sem a graça salvadora de Deus, somos incapazes de colocar os outros em primeiro lugar. Como Paulo aponta em Romanos 1, as pessoas são escravizadas por uma “disposição mental reprovável” (Rm 1.28), “seus pensamentos tornaram-se fúteis”, “o coração insensato [delas] obscureceu-se” (Rm 1.21), o que resulta em fazer uns aos outros todo tipo de mal (Rm 1.22-32). A salvação é a libertação dessa escravidão da mente, “para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. Apenas quando a mente for transformada do egocentrismo para o altruísmo — imitando Cristo, que se sacrificou pelos outros —, poderemos colocar a reconciliação, a justiça e a fidelidade à frente dos objetivos egoístas.

Com mente transformada, nosso propósito muda de justificar nossas ações egocêntricas para trazer nova vida aos outros. Por exemplo, imagine que você é um supervisor de turno em um restaurante e se torna um candidato à promoção a gerente. Se sua mente não for transformada, seu principal objetivo será vencer os outros candidatos. Não parecerá difícil justificar (para si mesmo) ações como ocultar informações dos outros candidatos sobre problemas com fornecedores, ignorar questões de saneamento que se tornarão visíveis apenas nos turnos dos outros, espalhar divergências entre seus funcionários ou evitar a colaboração na melhoria do serviço de atendimento ao cliente. Isso prejudicará não apenas os outros candidatos, mas também seus trabalhadores em turnos, o restaurante como um todo e seus clientes. Em contrapartida, se sua mente for transformada para se preocupar primeiro com os outros, você ajudará os demais candidatos a terem um bom desempenho, não apenas pelo bem deles, mas também pelo benefício do restaurante, de seus funcionários e dos clientes.