Bootstrap

Deus sustenta todo trabalho e produtividade (Salmos 107)

Comentário Bíblico / Produzido por Projeto Teologia do Trabalho
Vietnam 164753 620

O salmo 107 relaciona os esforços econômicos humanos com o mundo da criação de Deus. Vale a pena citar um trecho.

Fizeram-se ao mar em navios, para negócios na imensidão das águas, e viram as obras do Senhor, as suas maravilhas nas profundezas. Deus falou e provocou um vendaval que levantava as ondas. Subiam aos céus e desciam aos abismos; diante de tal perigo, perderam a coragem. Cambaleavam, tontos como bêbados, e toda a sua habilidade foi inútil. Na sua aflição, clamaram ao Senhor, e ele os tirou da tribulação em que se encontravam. Reduziu a tempestade a uma brisa e serenou as ondas. As ondas sossegaram, eles se alegraram, e Deus os guiou ao porto almejado. Que eles deem graças ao Senhor por seu amor leal e por suas maravilhas em favor dos homens. (Sl 107.23-31)

Tanto naquela época quanto agora, as pessoas iam para o mar para pescar e fazer comércio. Seus navios eram frágeis e eles não tinham como prever com antecedência a chegada de uma tempestade. A vida e seus meios de subsistência dependiam do clima. Apesar de nossas vantagens tecnológicas, também dependemos de uma infinidade de fatores que estão além de nosso controle em grande parte de nosso trabalho. Aa coisa mais honesta que alguém pode dizer sobre o sucesso no trabalho talvez seja isso: “Eu tive sorte”. Como Bill Gates observou sobre o incrível sucesso da Microsoft: “Eu nasci no lugar certo e no momento certo”. [1] Para o crente, o fator “sorte” é visto como a provisão constante de Deus para nossas necessidades. Para obter sucesso mesmo com as incertezas inerentes ao nosso trabalho, dependemos um pouco da habilidade (um dom de Deus em si), um pouco do trabalho árduo e muito da providência de Deus. Seja qual for nosso “porto almejado” na vida e no trabalho, que possamos das “graças ao Senhor por seu amor leal e por suas maravilhas em favor dos homens”. Talvez Tiago tivesse esse salmo em mente quando disse: “Vocês devem dizer: ‘Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo’” (Tg 4.15).

Um pouco mais tarde, o Salmo 107 acrescenta mais ideias sobre isso.

[Deus] transforma o deserto em açudes e a terra ressecada, em fontes. Ali ele assenta os famintos, para fundarem uma cidade habitável, semearem lavouras, plantarem vinhas e colherem uma grande safra. Ele os abençoa, e eles se multiplicam; e não deixa que os seus rebanhos diminuam (Sl 107.35-38).

Deus cria as condições para que a vida prospere na terra. Ele pode transformar um deserto em pastagem (ou uma pastagem em deserto). A agricultura, incluindo a semeadura e o manejo do gado, depende do crescimento dado por Deus. Onde a agricultura prospera, surgem as cidades. Com o surgimento das cidades, todo tipo de trabalho aparece. A economia urbana fornece todos os tipos de bens e serviços a uma população crescente e diversificada. Em uma economia antiga, além de agricultores e pastores, uma comunidade precisaria de oleiros, metalúrgicos e escribas (para registrar acordos e transações comerciais, bem como leis e textos religiosos). Toda a economia de qualquer cidade, passada ou presente, depende da abundância agrícola, seja ela cultivada internamente ou por meio do comércio. Quando o agricultor do mundo pode cultivar mais do que suas necessidades para sua própria subsistência, comunidades complexas podem prosperar. E isso vem de Deus, que rega a terra seca (Sl 65.9, Gn 2.5).

Assim, o salmo 107 abrange a atividade econômica em terra e no mar, e afirma que Deus está acima de tudo. E Deus não é hostil ao nosso trabalho. O salmo fala de como ele salva e provê. Nosso sustento depende do governo beneficente de Deus sobre as forças naturais.