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Liderança servidora (Jo 13.1-20)

Comentário Bíblico / Produzido por Projeto Teologia do Trabalho
Servant leadership

Até este ponto do Evangelho de João, vimos Jesus realizar trabalhos que ninguém jamais havia feito: transformar água em vinho, dar visão aos cegos, ressuscitar mortos. Agora, ele faz o que praticamente qualquer um pode fazer, mas que poucos desejam. Ele lava os pés das pessoas. O rei faz o trabalho de um escravo.

Agindo assim, Jesus traz à tona a questão que tem nos acompanhado ao longo de todo o Evangelho de João: até que ponto o trabalho de Jesus é um exemplo para o nosso próprio trabalho? Seria fácil responder “em nenhum aspecto”. Nenhum de nós é o Senhor. Nenhum de nós morre pelos pecados do mundo. Mas, quando lava os pés dos discípulos, Jesus lhes diz explicitamente — e, por extensão, a nós – que devemos seguir seu exemplo. “Se eu, sendo Senhor e Mestre de vocês, lavei os seus pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. Eu dei o exemplo” (Jo 13.14-15). Jesus é um exemplo que devemos seguir, naquilo em que nos for possível.

Essa atitude de serviço humilde deve acompanhar tudo que fizermos. Se o CEO anda pelo chão de fábrica, deve fazê-lo como se estivesse vindo lavar os pés dos trabalhadores da linha de montagem. Do mesmo modo, o funcionário do posto de combustíveis deve limpar o chão do banheiro como se estivesse lá para lavar os pés dos motoristas. Isso não é tanto uma questão de ação, mas de atitude. É bem provável que tanto o CEO quanto o funcionário do posto possam servir melhor às pessoas por meio de outras atividades ao invés de lavar pés, ainda que seus funcionários ou clientes tivessem disposição para tal. Mas eles devem se ver como pessoas que prestam um serviço humilde. Jesus, o mestre cheio do Espírito que reina sobre todo o cosmos, realiza deliberadamente um ato concreto de serviço humilde para demonstrar qual deve ser a atitude habitual de seu povo. Ao fazer isso, ele tanto dignifica seus seguidores como exige deles atos humildes de serviço. Por quê? Porque fazer isso nos coloca tangivelmente cara a cara com a realidade de que o trabalho piedoso é realizado para o benefício dos outros, e não apenas para nossa própria satisfação.

Nos últimos anos, o conceito de liderança servidora tem recebido ampla atenção nos negócios e nos governos. Ele está presente não apenas no Evangelho de João, mas também em muitas partes da Bíblia. [1]