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Ambição egoísta e submissão a Deus (Tg 3.13—4.12)

Comentário Bíblico / Produzido por Projeto Teologia do Trabalho
Ambition selfish james

Tiago 3.14—4.12 também emprega os princípios, combinados, de dependência de Deus e serviço aos necessitados. Como de costume, Tiago os coloca em ordem inversa, discutindo primeiro o serviço e depois a confiança. Nesse caso, Tiago começa com uma admoestação contra a ambição egoísta, seguida de uma exortação à submissão a Deus.

Ambição egoísta (Tg 3.13—4.12)

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A ambição egoísta é o impedimento para a pacificação (Tg 3.16—4.11)

A ambição egoísta é o oposto do servir às necessidades alheias. A passagem é bem resumida em Tiago 3.16: “Pois, onde há inveja e ambição egoísta, há confusão e toda espécie de males”. Tiago destaca uma prática específica que sobrepuja a ambição egoísta: a pacificação. [1] “O fruto da justiça é semeado em paz pelos pacificadores” (Tg 3.18). Caracteristicamente, ele alude a um local de trabalho — colheita de grãos, no caso — para mostrar seu ponto de vista. Cita vários elementos da pacificação: sofrer pelo mal que causamos aos outros (Tg 4.9), humilhar-nos (Tg 4.10), abster-nos de calúnia, acusação e julgamento (Tg 4.11) e misericórdia e sinceridade (Tg 3.17). Todos esses podem e devem ser empregados pelos cristãos no trabalho.

A ambição egoísta é sobrepujada pela submissão a Deus (Tg 4.2-5)

A ambição egoísta causa desavenças e contendas dentro da comunidade cristã, e Tiago diz que a causa subjacente é a falha em depender de Deus. “Vocês cobiçam coisas, mas não as têm; matam e invejam, mas não conseguem obter o que desejam. Vivem lutando e fazendo guerras. Não têm, porque não pedem. Pedem, mas não recebem, porque pedem com más intenções, com o fim de gastar nos seus prazeres” (Tg 4.2-3). Deixamos de depender de Deus quando não lhe pedimos nem mesmo o que precisamos. Curiosamente, a razão de não dependermos de Deus está em queremos servir a nossos próprios prazeres, em vez de servir aos outros. Isso engloba os dois princípios em uma unidade integrada. Tiago afirma isso metaforicamente como um caso de amor adúltero com o mundo, pelo qual somos tentados a crer que podemos encontrar riqueza e prazer no mundo sem Deus (Tg 4.4-5). [2]

Investir nos outros (Tg 4.1-12)

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Embora Tiago use a metáfora do adultério, ele está se referindo à ambição egoísta em geral. Uma das tentações no trabalho é usar os outros como degraus para nosso próprio sucesso. Quando roubamos o crédito pelo trabalho de um subordinado ou colega de trabalho, quando retemos informações de um rival para promover-nos, quando transferimos a culpa para alguém que não está presente para se defender, quando tiramos vantagem de alguém em situação difícil, nos tornamos culpados de ambição egoísta. Tiago está certo ao dizer que essa é a principal fonte de litígios. Ironicamente, a ambição egoísta pode impedir o sucesso, em vez de promovê-lo. Quanto mais alta é nossa posição em uma organização, mais dependemos dos outros para obter sucesso. Pode ser tão simples quanto delegar tarefas a subordinados ou tão complexo quanto coordenar uma equipe de um projeto internacional. Mas, se temos a reputação de pisar nas pessoas para progredir, como podemos esperar que os outros confiem em nossa liderança e a sigam?

A solução está em submeter-nos a Deus, que criou todas as pessoas a sua imagem (Gn 1.27) e enviou seu Filho para morrer por todos (2Co 5.14). Submetemos-nos a Deus sempre que colocamos nossa ambição a serviço dos outros, em detrimento de nós mesmos. Queremos alcançar uma posição de autoridade e excelência? Ótimo, então devemos começar ajudando outros colaboradores a incrementarem sua autoridade e excelência. O sucesso nos motiva? Bom, então devemos investir no sucesso daqueles que nos rodeiam. Ironicamente, investir no sucesso dos outros também pode ser o melhor que podemos fazer por nós mesmos. De acordo com os economistas Elizabeth Dunn, da Universidade da Colúmbia Britânica, e Michael Norton, da Harvard Business School, investir em pessoas nos torna mais felizes do que gastar dinheiro conosco. [1]