Bootstrap

A bênção de Deus é redobrada quando as pessoas trabalham de acordo com seus caminhos (Rute 3.1–4.18)

Comentário Bíblico / Produzido por Projeto Teologia do Trabalho
1057988 620

No notável episódio em que Rute respiga no campo de Boaz, vemos uma demonstração vívida da compaixão, generosidade e tolerância étnica de Boaz. Isso levanta algumas questões: Por que o coração de Boaz era tão brando em relação a Rute e por que ele criaria esse ambiente em que qualquer pessoa, mesmo uma moabita estrangeira, se sentiria em casa? De acordo com o próprio testemunho de Boaz, Rute incorporou nobreza e fidelidade ao verdadeiro Deus (Rt 3.10-11). Como resultado, ele desejou a ela: “Que seja ricamente recompensada pelo Senhor, o Deus de Israel, sob cujas asas você veio buscar refúgio!” (Rt 2.12). Ela era nascida em Moabe, mas se voltou para o Deus de Israel em busca de salvação (Rt 1.16). Boaz reconheceu as asas de Deus sobre ela e estava ansioso para ser o instrumento da bênção de Deus para ela. Ao cuidar de um estrangeira necessitada, ele honrou o Deus de Israel. Nas palavras do provérbio israelita: “Oprimir o pobre é ultrajar o seu Criador, mas tratar com bondade o necessitado é honrar a Deus” (Pv 14.31; veja também Pv 17.5). O apóstolo Paulo expressou esse tema séculos depois: “Enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé” (Gl 6.10).

À medida que a história avançava, Boaz começou a ver em Rute mais do que uma trabalhadora diligente e a nora fiel de Noemi. Com o tempo, ele estendeu sua capa sobre Rute (Rt 3.9) — uma metáfora apropriada para o casamento, espelhando o amor e o compromisso representados pelas asas de Deus. Há um aspecto relacionado ao trabalho nessa história de amor, pois há bens imobiliários envolvidos. Noemi ainda tem algum direito à terra que pertencia a seu falecido marido e, de acordo com a lei israelita, seu parente mais próximo tinha o direito de adquirir a terra e mantê-la na família, casando-se com Noemi. Boaz, a quem Noemi mencionou ser parente de seu marido (Rt 2.1), era, na verdade, o segundo na linha de sucessão a esse direito. Ele informa o homem que era o parente mais próximo de seu direito, mas quando o homem descobre que reivindicar a terra significava também ter de levar a moabita Rute para sua casa, ele abre mão do direito (Rt 4.1-6).

Boaz, em contraste, ficou satisfeito por ser escolhido por Deus para mostrar favor a essa mulher, apesar de ela ser considerada racial, econômica e socialmente inferior (Rt 4.1-12). Ele exerce seu direito de resgatar a propriedade, não casando-se com a idosa Noemi, em um casamento de conveniência, mas, com a permissão de Noemi, casando-se com Rute, em um casamento de amor e respeito. Ao se casar com essa mulher moabita, ele cumpre, à sua maneira, um pouco da promessa de Deus a Abraão: “Por meio dela [da sua descendência], todos os povos da terra serão abençoados” (Gn 22.18). Ele também ganha ainda mais propriedades, que podemos presumir que serão administradas de forma tão produtiva e generosa quanto a propriedade que já possuía, prenunciando as palavras de Cristo de que “a quem tiver, mais lhe será dado” (Mc 4.25). Como logo aprenderemos, é perfeitamente adequado que Boaz sirva como precursor de Jesus. Ao longo do caminho, os acontecimentos da história revelam ainda mais sobre como Deus está trabalhando no mundo para o bem.