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Transpondo a divisão entre sagrado e secular (Neemias 1.1—1.10)

Comentário Bíblico / Produzido por Projeto Teologia do Trabalho
New york city 336475 1280 1

A conexão entre o templo e o muro é significativa para a teologia do trabalho. O templo pode parecer uma instituição religiosa, enquanto os muros são seculares. Mas Deus levou Neemias a trabalhar nos muros, assim como levou Esdras a trabalhar no templo. Tanto o sagrado quanto o secular eram necessários para cumprir o plano de Deus de restaurar a nação de Israel. Se os muros estavam inacabados, o templo também estava inacabado. A obra era uma peça única. A razão para isso é fácil de entender. Sem um muro, nenhuma cidade no antigo Oriente Próximo estava a salvo de bandidos, gangues e animais selvagens, mesmo que o império pudesse estar em paz. Quanto mais desenvolvida econômica e culturalmente uma cidade era, maior o valor das coisas na cidade e maior a necessidade de um muro. O templo, com suas ricas decorações, estaria particularmente em risco. Em termos práticos, sem muro não há cidade, e sem cidade não há templo.

Por outro lado, a cidade e seus muros dependem do templo como fonte da provisão de Deus para lei, governo, segurança e prosperidade. Mesmo em termos estritamente militares, o templo e os muros são mutuamente dependentes. O muro é parte integrante da proteção da cidade, assim como o templo em que habita o Senhor (Ed 1.3), que reduz a nada os planos violentos dos inimigos da cidade (Ne 4.15). Isso vale também para o governo e a justiça. As portas do muro são onde os processos judiciais são julgados (Dt 21.19; Is 29.21), enquanto, ao mesmo tempo, o Senhor, de seu templo, “defende a causa do órfão e da viúva” (Dt 10.18). A falta do templo significa ausência de Deus, e a falta da presença de Deus significa ausência de força militar, justiça, civilização e necessidade de muros. O templo e os muros estão unidos em uma sociedade fundada na “aliança e misericórdia” de Deus (Ne 1.5). Esse pelo menos é o ideal pelo qual Neemias está jejuando, orando e trabalhando.